segunda-feira, 31 de março de 2014

Há quanto tempo não passeio por esse quarto. Achei a chave desse quarto. Volto logo pra arrumá-lo.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Voltando às ponta dos dedos

Quanta dor de passou no rio que corre em mim. Rio que naveguei, que também não naveguei e, no meio do caminho, quase naufraguei. Naufragamos. Paramos. Quanta dor.

Há tempos não visitava esse quarto para indagar. Me indagar. Estou voltando hoje com sangue nos dedos que fazem as palavras. A Bahia está distante, perdida, triste e sem norte ou nordeste. Meu centro se perde também. Até das redes sociais se foi. Como levar se não voltar a extravasar na ponta dos dedos?

Bem-vindo ano novo. Bem-vinda dor nova. Sofrerei junto dele, e junto dele recobrarei os sorrisos mais iluminados. Logo tudo voltará a ser diferente.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Interestadual

Comecei a realizar meus desejos e pedidos. Meu muito obrigado ao universo e às divindades.

Karallargá em Bauru (16/10/2011)

Teatro em Porto Alegre/RS (22/11/2011)

Teatro em Brasília/DF (02/12/2011)

Tudo que eu sempre quis: viajar o país cumprindo meus ofícios.

Ordem e progresso

Tem hora que levar a vida é simplesmente viver, mas tem hora que é não conseguir. Que amor sobrevive aos fantasmas? Que amado tem o corpo fechado a eles? Como diria a bandeira nacional, é preciso ordem e progresso. Nessa ordem, de preferência.

domingo, 4 de setembro de 2011

Dor do mundo

A imperfeição dessa vida terrestre é a dor. Não fosse ela, seríamos seres de uma vida digna de plano espiritual evoluído.

Conexão blogs


19/08/2011

Olhos castanhos...


Os olhos fugidios, porém certeiros, foi a primeira coisa que me fez olha-lo diferente.
Ele lia. Sentava ao lado de um criado mudo negro que tinha uma gaveta e um abajur de luz fraca em cima; vestia uma camiseta cinza que realçava o peitoral; tinha uma feição séria; um olhar castanho fixo num livro de contos depressivos. Parecia não ter notado a minha chegada. Sentei na poltrona da frente e comecei a observa-lo por inteiro, em silêncio. O balanço constante do pés indicava um certo desconforto, como de costume, mas não era possível saber, assim, de prontidão, o quê o causava. Após alguns segundos prestando atenção nos seus castanhos olhos de fogo, os meus começaram a marejar, inexplicavelmente, eu acho.
Uma lágrima que já estava no meio da minha face foi interrompida pela surpreendente e despretensiosa pergunta dele:
-Será que vai esfriar mais e terei que colocar uma calça?
Nada respondi.
Ele, que não tinha tirado os olhos do seu livro, levantou o rosto vagarosamente, fechou o livro e o colocou na mesinha ao lado, me observou por instantes, o que fez com que seus pés voltassem a balançar. Levantou lentamente a sobrancelha esquerda, como faz quando quer jogar charme ou me provocar, fez um bico ressaltando seus grandiosos lábios carnudos e tentou sorrir quando foi interceptado pela minha segunda lágrima.
-E agora? Disse ele.
-Eu queria poder decidir por você!
Silêncio.
Se a chama dos olhos de ambos encostasse em alguma parede, certamente a vizinhança inteira morreria num desastroso incêndio!
-Você pode parar com esse balanço nos pés, por favor?! Pedi.
-Claro. Desculpe. Eu... Olha, eu preciso voltar e pintar meu apartamento.
-Que cor você está pintando?
-Areia, sabe?
-Sei.
-Gosta?
-Gosto!
-Você tá bem?
-Não!
-Eu percebi.
-Eu sei.
-Quer que eu vá embora?
Foi nessa terceira lágrima que pela primeira vez na conversa, nossos olhos se refugiaram nos escassos móveis daquela sala.
Silêncio.
Num profundo e último suspiro ele exclamou:
-Eu me sinto um covarde, mas...
E balançou a cabeça extremamente reticente, indicando um não e depois um sim. Levantou, foi até a porta, onde se recostou e baixou a cabeça.
O que caíam dos meus negros olhos não eram mais escassas lágrimas, era um rubro líquido de uma ferida aberta que demoraria anos para cicatrizar e que deixaria marcas para sempre. Me dirigi até a porta e vomitei um drama mexicano com olhar fixo na maçaneta:
-Pronto... desisti. Vamos fazer assim: eu não te procuro mais e você esquece qualquer possibilidade de sonho que tivemos; não procure saber de mim e eu fingirei nunca ter te conhecido, se é que cheguei a te conhecer; tire a minha alegria da cabeça e apagarei seu sorriso da lembrança; se passar por mim, finja que acabou de falar comigo, ou seja, não precisa mais falar nada e... e... se a gente se encarar mais uma vez... eu... eu...não respondo por mim.
A porta bateu. Minhas pernas não tiveram forças para me manter de pé. Do tapete negro e sujo ainda deu pra notar o luto do sol.
Quando a lua apareceu, o rádio despertou com uma cantiga popular:
"Tá caindo fulô
Tá caindo fulô
Lá do céu, cai na terra
Ai meu Deus, tá caindo fulô"
Arrependi?
Samuel de Assis


27/07/2011


adiamento

Estado apreensivo
Clima muito frio
Corpo trêmulo.
Dia decisivo
Última noite sem brio
Não bateu o pêndulo.

O outro corpo não apareceu
A expressão murchou.
Tudo se perdeu
Ele não se recuperou.

"Foi a primeira vez que perdi a hora, mas dessa história toda, o ruim, foi não te conhecer"

"Não costumo me importar com mentiras, mas de qualquer modo, foi bom saber"
Samuel de Assis

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Domingo Junino



Em pé de cachimbo, mão de sanfoneiro e aroma de quentão
A tarde se foi pra nunca mais
O sol se foi pra amanhã.
A notícia driblada pelo esperado-acalentador martelou,
Virou luz, riso, milonga e vanerão.
Virou felicidade que foi-se embora
Virou também um baião.
Virou um choro que secou pelo vento
Que levou todos os prantos de hoje ao tempo
Que não é de ninguém.
Nem de Deus, pois Ele quis assim.
Um domingo longe dos meus pais
Mais perto do meu país
Do sul que não conheço
Mas sul que sabe de mim.
Dum dia de música ao fim de um vida musical
Um adeus que doerá sempre em alguém
A Deus que regerá tudo sempre, amém.
Um domingo que cruzou fronteira com a Argentina
Um domingo de morte, vida e Coralina.

Caio M. (20.06.2011 - 2:50)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Depois de um tempo

Depois de um tempo você aprende
a sutil diferença entre
segurar uma mão e acorrentar uma alma
e você aprende
que amar não significa apoiar-se
e companhia não quer sempre dizer segurança
e você começa a aprender
que beijos não são contratos
e presentes não são promessas
e você começa a aceitar suas derrotas
com sua cabeça erguida e seus olhos adiante
com a graça de mulher, não a tristeza de uma criança
e você aprende
a construir todas as estradas hoje
porque o terreno de amanhã é
demasiado incerto para planos
e futuros têm o hábito de cair
no meio do vôo
Depois de um tempo você aprende
que até mesmo a luz do sol queima
se você a tiver demais
então você planta seu próprio jardim
e enfeita sua própria alma
ao invés de esperar que alguém lhe traga flores
E você aprende que você realmente pode resistir
você realmente é forte
você realmente tem valor
e você aprende
e você aprende
com cada adeus, você aprende.

Veronica Shoffstall

Consequência

Aquele que se cala diante de uma injustiça, é conivente com ela.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Antes desse

Estou mudando de casa, mas não de quarto. Minha casinha antiga era menor que essa, mas não menos importante que essa. Era uma kitnet, uma zip.net. Mudei de casa, mas não abandonei meu endereço. Passarei por lá sempre que der, quiser matar as saudades, relembrar a fachada, pegar correspondências com os vizinhos e reconhecer os meus caminhos



http://tomaraqcaio.zip.net

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